À medida que a tecnologia avança, a proteção contra ameaças cibernéticas se torna uma preocupação central para empresas e indivíduos. No entanto, a participação das mulheres nesse setor ainda é notavelmente baixa.

Neste Dia Internacional das Mulheres, proponho uma reflexão a você que trabalha com cibersegurança: Quantas mulheres você enxerga a sua volta?

A cibersegurança tem sido dominada por homens, refletindo uma tendência persistente em muitas áreas de tecnologia. Os estereótipos de gênero desempenham um papel importante na perpetuação dessa disparidade: a imagem do profissional de cibersegurança como homem pode ser uma barreira para a entrada e o avanço das mulheres no setor e desencorajá-las a considerar carreiras na área.

Em 2023, o número de profissionais de cibersegurança em todo o mundo totalizou 5.452.732 (Na América Latina esse número foi de 1.285.505), mas apenas 25% sendo mulheres.

Desafios na carreira

A presença feminina na cibersegurança enfrenta uma série de obstáculos significativos. Teorias profundamente arraigadas retratam o profissional de cibersegurança como predominantemente masculino, e essa percepção pode dissuadir as mulheres de considerar carreiras em cibersegurança, perpetuar a desigualdade de gênero e alimentar a falta de representação feminina no setor.

Diversos obstáculos dificultam a entrada das mulheres na cibersegurança. Conforme apontam pesquisas do (ISC)² em 2022, a maioria das mulheres que trabalham nesse campo relata ter enfrentado discriminação de gênero. 87% das mulheres destacaram ter sofrido discriminação por preconceito inconsciente, enquanto 19% relataram ter sido vítimas de discriminação explícita. Além disso, elas relataram atrasos injustificados no progresso da carreira (53%) e reações exageradas a erros (29%).

A discriminação também se reflete na diferença salarial. Dados do (ISC)² mostram que 32% dos homens que trabalham com cibersegurança têm uma renda média anual entre US$ 50.000 e US$ 100.000, enquanto apenas 18% das mulheres têm a mesma renda. Além disso, 25% dos homens têm renda anual entre US$ 100.000 e US$ 500.000, enquanto apenas 20% das mulheres ganham entre US$ 100.000 e US$ 500.000.

No entanto, a baixa taxa de participação de mulheres nas áreas de cibersegurança e STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) é atribuída à baixa presença feminina no ensino superior nessas áreas, o que resulta em um grupo limitado de talentos. Essa falta de representação em ambientes acadêmicos contribui para limitar o número de mulheres que consideram ou ingressam em carreiras relacionadas à cibersegurança.

Mulheres na cibersegurança atualmente

Apesar dos desafios, há sinais encorajadores de mudança: dados recentes revelam que 25% das profissionais de tecnologia que atuam nesse campo são mulheres, um aumento significativo em comparação com a taxa de 11% registrada há uma década. Esse crescimento é evidência de um movimento progressivo em direção à igualdade de gênero no setor e reflete os esforços contínuos para incentivar e capacitar as mulheres na cibersegurança.

Essa mudança é impulsionada por organizações e iniciativas em todo o mundo que trabalham para promover a igualdade de gênero no setor, oferecendo educação, treinamento e oportunidades de orientação para mulheres interessadas em ingressar ou avançar em suas carreiras na cibersegurança.

Esses esforços estão contribuindo para criar um ambiente mais inclusivo e diversificado, onde as mulheres possam prosperar e fazer contribuições significativas.

Além disso, nos cargos de liderança, houve um aumento na presença de mulheres, demonstrando um passo fundamental em direção à igualdade de oportunidades no setor. As mulheres agora ocupam cargos importantes, lideram equipes e contribuem para a formulação de políticas e estratégias.

Esse progresso reflete o reconhecimento do valor e das habilidades das mulheres e ajuda a suprir a escassez de mão de obra no setor, além de trazer uma diversidade de perspectivas e experiências que enriquecem a tomada de decisões e impulsionam a inovação.

A crescente participação feminina na cibersegurança não apenas promove a igualdade de gênero, mas também fortalece o setor como um todo. À medida que mais mulheres entram nesse campo crucial, o setor se beneficia de uma ampla gama de perspectivas, habilidades e talentos.

 

A diversidade é fundamental para enfrentar os desafios cibernéticos cada vez mais complexos e sofisticados para garantir a segurança e a proteção de dados e sistemas vitais em um mundo digital em constante evolução. 

Em conclusão, embora a lacuna de gênero na cibersegurança ainda seja significativa, há progressos sendo feitos para diminui-la. A conscientização sobre a importância da diversidade de gênero está crescendo, e mais mulheres estão se aventurando na cibersegurança.

À medida que a tecnologia avança e as ameaças cibernéticas se multiplicam, a demanda por profissionais qualificados/as aumenta e o setor de cibersegurança se apresenta como uma oportunidade empolgante e intelectualmente estimulante, com uma presença cada vez maior de mulheres.

No entanto, ainda há trabalho a ser feito para eliminar os estereótipos e a discriminação de gênero e para garantir que as mulheres sejam valorizadas e respeitadas. À medida que mais mulheres entram em campo, o setor se beneficia de uma gama mais ampla de perspectivas e habilidades, fortalecendo sua capacidade de enfrentar os desafios cibernéticos do futuro.