Um dos desafios do setor de cibersegurança é se tornar um espaço com mais diversidade e inclusão. Não apenas porque entendemos que o caminho da equidade, inclusão e diversidade é o mais justo, integro e exigido pela sociedade como um todo, mas também porque este caminho está alinhado com a necessidade de reduzir a escassez de talentos.

Neste post, que faz parte de nossa série Progres Protected, na qual usamos o conceito de progresso como um gatilho para abordar uma série de questões, analisamos por que equidade, inclusão e diversidade são fundamentais para o progresso no setor de cibersegurança.

Uma estratégia para enfrentar a escassez de talentos

A falta de profissionais treinados para preencher o enorme número de vagas disponíveis no setor de cibersegurança é uma realidade que persiste há vários anos, deixando as empresas mais expostas a diversas e cada vez mais complexas ameaças cibernéticas. Tudo isso em um contexto no qual o avanço das economias digitais tem permitido um crescimento significativo da superfície de ataque, assim como do cibercrime e da gravidade dos ataques. Portanto, estar protegido nestes tempos requer cada vez mais esforço, capacidade tecnológica e financeira, bem como criatividade.

Neste contexto, várias empresas e organizações, como o Fórum Econômico Mundial e o (ISC)², estão estimulando o setor de cibersegurança para que seja cada vez mais diverso e inclusivo por uma série de razões. Uma delas é reduzir a escassez de profissionais, já que desta forma seria possível fomentar o crescimento de talentos.

Mas não são apenas estas organizações que promovem a importância de tornar o setor mais inclusivo e diverso. O MITRE também destaca a importância de trabalhar para uma maior equidade e diversidade. Como a organização explicou em um relatório de 2022 sobre como resolver o problema da falta de dados para resolver a falta de diversidade no setor, trabalhar com inclusão e diversidade terá um impacto positivo no crescimento e desempenho das empresas, pois já foi comprovado que equipes mais diversas são melhores para resolver problemas e gerar ideias.

Além disso, o fato de empresas estarem trabalhando com foco na inclusão e diversidade permite que às equipes de RH compreendam melhor as necessidades de seus funcionários e quais estratégias devem realizar. Isto é importante não apenas para atrair talentos, mas também para retê-los.

Nos Estados Unidos, por exemplo, um estudo realizado em 2021 pelo Aspen Institute mostrou a predominância de homens brancos no setor de cibersegurança sobre outras populações, tais como hispânicos (4%), asiáticos (8%) ou pessoas afrodescendentes (9%), e também a baixa representação de mulheres, com apenas 24% em um país onde este gênero representa 51% da população. Infelizmente, os números a nível global são semelhantes, com 25% de participação das mulheres.

A falta de dados demográficos é um desafio

Há um grande desafio para avançar no caminho da inclusão e diversidade: a falta de dados demográficos sobre o mercado de trabalho no setor de cibersegurança. Isto torna difícil medir a eficácia e o impacto das ações que estão sendo tomadas para melhorar a equidade, a inclusão e a diversidade da força de trabalho. Para o diretor adjunto do MITRE, Irving Lachow, é muito importante reunir informações demográficas sobre o mercado de trabalho no setor considerando as categorias estabelecidas pelo NICE, que identifica sete categorias diferentes, com 33 áreas de especialização e 52 funções diferentes.

Apesar de alguns países, como a Austrália e a Nova Zelândia, estarem trabalhando com ações para fomentar o aumento da diversidade no mercado de trabalho nacional, segundo Lachow o único país que está tentando coletar dados demográficos de qualidade sobre o mercado de trabalho no setor de cibersegurança é o Reino Unido. Nos últimos dois anos, o governo britânico lançou pesquisas para obter uma compreensão mais profunda sobre a composição demográfica do mercado de trabalho no país.

Sugestões

Como melhorar a inclusão e a diversidade no setor de cibersegurança? O Fórum Econômico Mundial levanta algumas questões que devem ser consideradas pelas empresas que pretendem priorizar a diversidade e inclusão.

  • Trabalhar na retenção de talentos e no desenvolvimento de oportunidades;
  • Oferecer a suas equipes a oportunidade de se expressarem, criando espaços seguros para isso e reconhecendo a contribuição de cada um;
  • Garantir que os líderes da empresa estejam comprometido(a)s.

Organizações como a (ISC)2 disponibilizam ferramentas úteis para aqueles que desejam trabalhar na incorporação de questões como Diversidade, Equidade e Inclusão na estratégia de suas empresas. Ao mesmo tempo, relatórios como o produzido pelo Aspen Institute propõem uma lista de prioridades para empresas do setor de cibersegurança que pretendem trabalhar estas questões.

O caminho será difícil e os avanços até agora estão ocorrendo de forma bastante lenta. É uma tarefa que requer um trabalho profundo dentro de cada empresa. Mas uma coisa que todas as empresas e organizações que abriram espaço para abordar uma proposta mais inclusiva concordam é que sempre vale a pena.

Para Carolina Kaplan, responsável pela área de Sustentabilidade na ESET América Latina, "a importância de obter a real inclusão, equidade e diversidade dentro das empresas é fundamental para criar locais de trabalho onde cada pessoa desenvolva todo o seu potencial".

Além disso, "é importante entender que todas as pessoas são iguais na diversidade e que devemos ter as condições e ferramentas necessárias (e nem sempre iguais) para poder trabalhar em um ambiente saudável". Isto significa criar locais de trabalho livres de discriminação onde não só as pessoas serão beneficiadas, mas também as próprias empresas", destacou Kaplan.