Os dados pessoais se tornaram uma das mercadorias mais valiosas para os cibercriminosos. Há muitos casos de fraudes e golpes com o objetivo de obter informações confidenciais e privadas das vítimas que, por descuido ou ignorância, acabam caindo em armadilhas.

Assim como o Brasil, vários outros países da América Latina entenderam a importância de atualizar as leis e os regulamentos sobre proteção de dados. Por isso, é importante que, como usuários, também nos conscientizemos da importância de proteger um dos ativos mais importantes de nossa vida digital.

É por isso que apresentamos 10 TED Talks em inglês (algumas com legenda em português) que abordam essa questão de diferentes ângulos e perspectivas e buscam gerar conscientização e o bom hábito de manter nossos dados pessoais seguros e protegidos.

1. Como as empresas de tecnologia induzem você a abrir mão de seus dados e de sua privacidade (Finn Lützow-Holm Myrstad)

Finn Lützow-Holm Myrstad é especialista em segurança digital, questões de privacidade nacionais e internacionais, design manipulador e telecomunicações, e é Diretor de Política Digital do Conselho de Consumidores da Noruega. Ele é uma voz autorizada, se é que existe alguma, para falar sobre esse assunto.

Neste TED Talk, Finn Lützow-Holm Myrstad foca na aceitação de termos e condições e em como eles nos dão uma falsa sensação de segurança porque, em última análise, nossos dados são coletados e usados "em uma escala inimaginável". Sejamos honestos... alguém já os leu? A equipe do Lützow-Holm Myrstad leu, e levou um dia e meio para ler as 900 páginas de termos dos aplicativos mais usados. A proposta do especialista é torná-los mais compreensíveis e respeitar os direitos básicos da sociedade.

2. Retome o controle de seus dados pessoais (Maria Dubovitskaya)

Maria Dubovitskaya é uma especialista em criptografia que trabalhou, entre outros, no projeto e na implementação prática de protocolos de proteção de privacidade. Na apresentação de dezembro de 2015, ela comenta um fato alarmante: "menos de um dólar: é quanto custa para ter acesso ao seu nome completo, e-mail, data de nascimento, número de telefone e endereço na dark web".E por que isso é tão barato? Por causa da facilidade com que as pessoas compartilham esses dados, muitas vezes por descuido ou ignorância, explica Dubovitskaya.

Parte de sua palestra é focada no sistema que ela criou com uma equipe de profissionais para garantir que as pessoas compartilhem apenas as informações estritamente necessárias.

3. A segurança dos dados começa em cada computador (Josh Sammons)

Josh Sammons é engenheiro de soluções digitais e especialista em soluções de nuvem, bem como em prevenção avançada contra fraudes e cibercriminosos, garantindo que a integridade dos dados seja preservada.

O título de sua palestra é tão eloquente quanto o conteúdo: Sammons se concentra nas pessoas que compartilham suas senhas, as mantêm em seus computadores ou acreditam que "password" é uma chave segura e inquebrável.

Ele dedica boa parte da análise dos métodos de phishing e roubo de identidade por meio dos quais o cibercriminoso busca obter dados pessoais de suas vítimas, e encerra com conselhos úteis e práticos sobre como protegê-los.

4. Vamos reunir nossos dados médicos (John Wilbanks)

John Wilbanks é reconhecido por seu trabalho e experiência em consentimento informado, ciência aberta e redes de pesquisa. Durante a palestra, ele abre um debate muito interessante: e se nossos dados forem usados por qualquer pessoa para testar uma hipótese, e se for apropriado proteger nossa privacidade, mesmo que isso signifique atrasar a pesquisa e os avanços na saúde?

Sua proposta é simples: criar um patrimônio comum com os dados médicos das pessoas, sem focar em sua proteção ou privacidade, mas sim na inovação e no aprimoramento que podem ser alcançados quando se trata de combater doenças ou encontrar curas que hoje parecem distantes.

5. Por que a privacidade é importante? (Glenn Greenwald)

Glenn Greenwald é um jornalista pioneiro que escreveu sobre os arquivos de Edward Snowden e a vigilância dos EUA sobre seus cidadãos. Nesta palestra, o repórter oferece sua visão crítica sobre como o monitoramento constante pode ameaçar nossa liberdade e enriquece o debate sobre o valor da privacidade na era digital.

Ele desafia as percepções daqueles que minimizam a importância da privacidade ou acreditam que a privacidade "só deve ser uma preocupação para aqueles que estão fazendo coisas ruins", e destaca como a ciência apoia a conexão inexorável entre a privacidade e a própria natureza humana.

6. Privacidade e consentimento (Fred Cate)

"Dados perdidos por empresas, roubados de órgãos governamentais, coletados e oferecidos por nós" - esse é o cenário que enfrentamos hoje quando pensamos sobre a privacidade de nossas informações, de acordo com Fred Cate.

Mas onde o consentimento se encaixa nesse cenário? Ou, mais precisamente, como você gerencia o consentimento em um mundo em que os dados são inferidos sobre você o tempo todo ou coletados como parte de um grupo? Temos escolha?

7. Como os "data brokers" vendem sua identidade (Madhumita Murgia)

O anonimato está morto? Cada ação que fazemos, on-line e off-line, está sendo monitorada? Em 2014, a jornalista de tecnologia Madhumita Murgia começou a pesquisar "data brokers" - empresas intermediárias que coletam, classificam e vendem dados pessoais de indivíduos - e descobriu um alarmante setor oculto de bilhões de dólares.

Nesta palestra, Murgia detalha suas descobertas sobre as táticas operacionais dessas redes de comércio de dados e enfatiza a necessidade de estarmos atentos, como usuários e como seres humanos, para evitar que nossas vidas sejam reduzidas a um pacote de dados a serem vendidos na Internet.

8. O que seus dispositivos inteligentes sabem e compartilham sobre você (Kashmir Hill e Surya Mattu)

Kashmir Hill, jornalista de tecnologia, e Surya Mattu, jornalista investigativo e engenheiro, compartilham, nesta palestra, os resultados de um experimento de dois meses em que transformaram seu lar em uma casa inteligente.

Para revelar quais informações estavam sendo enviadas por esses dispositivos aos fabricantes e provedores de serviços de Internet, eles conectaram 18 dispositivos de IoT à Internet, incluindo a cama, e usaram um roteador especial para monitorar a atividade da rede.

Ao analisar padrões de atividade, como hábitos de assistir TV e consumo de conteúdo, os membros do painel destacam suas preocupações sobre como os fabricantes usam esses dados para criar perfis de consumidores, melhorar as ofertas e, em alguns casos, comercializá-las sem o consentimento dos usuários.

Ambos enfatizam, à luz dos resultados, a necessidade de implementar medidas de segurança desde a concepção dos dispositivos, especialmente considerando que nem todos os usuários querem participar de pesquisas de mercado constantes devido à sua conexão Wi-Fi.

9. Big data precisa de grande privacidade (Ted Myerson)

Ted Myerson, cofundador da Anono, uma empresa de tecnologia voltada para a eliminação dos riscos associados aos dados, garante que não é necessário sacrificar a privacidade para otimizar o uso e o valor das informações.

Ele destaca as limitações das leis de privacidade, especialmente no compartilhamento de dados médicos que são vitais para a colaboração em pesquisas globais, e propõe uma abordagem que pode remodelar a forma como esses dados são compartilhados para permitir que os especialistas colaborem além de seus próprios laboratórios para facilitar os avanços científicos sem sacrificar a privacidade dos indivíduos.

10. A ética da coleta de dados (Marie Wallace)

Marie Wallace, estrategista de análise da IBM, passou mais de uma década na divisão de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de análise de conteúdo, semântica e social que sustentam soluções como o IBM Watson.

Em sua apresentação, Wallace destaca o impacto da privacidade sobre os indivíduos e discute o papel das empresas e dos governos, ciente de que a complexidade do problema não terá uma única solução. Enquanto isso, ele aconselha as pessoas a evitarem se envolver com organizações que não sejam transparentes em sua coleta e uso de dados.

A integração da transparência está no centro de seu projeto na IBM, com três pilares: compromisso com a privacidade e a autonomia pessoal, simplificação e facilidade de uso e capacitação pessoal para fornecer informações acionáveis aos funcionários.