Nesta semana, o Facebook informou que eliminou 32 páginas e perfis do Facebook e Instagram por apresentar um "comportamento coordenado não autêntico" que demonstrava intencionalidade para gerar certa influência política. Trata-se de um comportamento que apresenta características semelhantes às detectadas em 2016 durante as eleições presidenciais nos Estados Unidos.

É importante ter em conta que essa decisão é parte dos esforços para suprimir más práticas vários meses antes das eleições legislativas que serão realizadas em novembro deste ano nos Estados Unidos, em que muitos estarão atentos ao Facebook e como a rede social fará para evitar campanhas que tentam influenciar a decisão política através de declarações falsas ou enganosas. Na semana passada, segundo informações do El País, a rede social retirou do ar no Brasil páginas e contas usadas por membros do grupo ativista de direita Movimento Brasil Livre (MBL).

No caso dos EUA, das contas removidas, 17 pertencem ao Facebook (oito páginas e 17 perfis) e sete ao Instagram, o que em todos os casos violavam a proibição de "comportamento coordenado não autêntico", conforme classificado pelo Facebook.

De acordo com uma análise preliminar da pesquisa realizada pelo responsável pela área de cibersegurança do Facebook, Nathaniel Gleicher, foram identificadas pequenas conexões entre esses perfis com páginas da Internet Research Agency (IRA), uma entidade com base na Rússia que foi acusada em fevereiro pelo Departamento de Justiça por tentar influenciar a eleição presidencial dos EUA em 2016.

No entanto, de acordo com o Facebook, quem está por trás da montagem desses perfis tomou precauções para evitar deixar vestígios de sua real identidade. Um exemplo disso foi o uso de VPNs e serviços de telefonia pela Internet.

Confira o que foi encontrado até o momento:

  • Mais de 290.000 perfis seguiam pelo menos uma dessas páginas, das quais a primeira a ser criada foi em março de 2017 e a última em maio de 2018.
  • As páginas do Facebook com mais seguidores eram “Aztlan Warriors,” “Black Elevation,” “Mindful Being,” e “Resisters”. As páginas restantes tinham entre zero e dez seguidores, enquanto os perfis do Instagram não contavam com seguidores.
  • Havia mais de 9.500 posts orgânicos criadas por esses perfis no Facebook e um conteúdo no Instagram.
  • Eles fizeram cerca de 150 anúncios no Facebook e no Instagram com um investimento de aproximadamente US$ 11.000 (em dólares americanos e canadenses). O primeiro anúncio foi feito em abril de 2017 e o último em junho de 2018.
  • Através das páginas foram criados cerca de 30 eventos a partir de maio de 2017, em que aproximadamente a metade desses eventos tinha menos de 100 perfis interessadas em participar. O evento que gerou mais interesse tinha cerca de 4.700 usuários interessados e cerca de 1.400 confirmações.

No momento, o Facebook não atribuiu a responsabilidade por essas contas falsas ao Internet Research Agency (IRA), mas, como mencionamos no início deste artigo, foram detectadas algumas conexões. Por exemplo, que uma das contas do IRA desativadas pelo Facebook em 2017 compartilhou um evento promovido pela página "Resisters" (desativada esta semana). Além disso, desde o Facebook eles asseguram que esta página ("Resiters") tinha como administrador uma conta IRA por um lapso de sete minutos.

Além disso, os eventos foram desativados e eles começaram a notificar os cerca de 2.600 perfis interessados ​​nos eventos e as mais de 600 contas que confirmaram participação.

Segundo uma acusação, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos revelou que na campanha eleitoral de 2016, os perfis, páginas e grupos falsos do IRA, muitas vezes publicavam conteúdos sobre temas que geravam divisão na população ou organizavam eventos para causas conflitos com a intenção de exacerbar pontos de vista políticos no interior do país.